Por Pe. Kleber R. Silva
SCE Eq 4 – Caçapava-SP
“Vi o anjo na pedra e esculpi até libertá-lo”
Miguelangelo
Já diz a canção “quem sabe faz a hora não espera acontecer”. É isso mesmo! É hora de fazer a hora acontecer, pois 2011 já nos chama a mais uma etapa na caminhada de membros do movimento das Equipes de Nossa Senhora.
Chamados pelo Pai, incorporados a Cristo e unidos pelo Espírito Santo queremos percorrer os caminhos que nos levarão ao amadurecimento humano e comunitário, espiritual, intelectual, pastoral e missionário. (cf. Documento de Aparecida 280).
O Movimento das Equipes de Nossa Senhora convoca seus membros para uma caminhada formativa neste ano de 2011. Formar-se é deixar-se lapidar pelas talhas que estão nas mãos de Deus; é dar um sentido e um impulso novo ao “ser equipista”; é beber da fonte que jorra do lado aberto do peito do Cristo, quando Ele se entrega em favor da humanidade no altar da cruz.
Formar-se é esculpir o anjo que está na pedra para libertá-lo e dar-lhe asas para voar. Mas antes de esculpir, o artista, já o enxerga na pedra e tira os excessos. Deste modo, o equipista em 2011 é convidado a ter este olhar de artista para sua própria conjugalidade. Não basta apenas olhar, é preciso enxergar. Eis um desafio, pois muitas vezes olhamos, mas não enxergamos os excessos que precisam ser tirados da relação. Às vezes até enxergamos, mas o olhar não é clinico, é superficial, como aquele desatento que entra num grande museu e em poucos minutos já sai dizendo que viu tudo. Engano seu!
O olhar para esculpir necessita de uma precisão, para não perder o valor daquilo que será liberto. O olhar do equipista também precisar ser bem formado, para não se perder na luminosidade que reflete em sua retina, por isso, o convite para se formar humanamente.
Ao olhar o anjo na pedra, o artista, recorre às ferramentas adequadas para dar formas à sua grande obra. Olhar e pegar as ferramentas pode até ser um ato simples. O problema é manuseá-las. É preciso ter ferramentas adequadas para lidar com a conjugalidade, eis os Pontos Concretos de Esforço:
A ferramenta da Escuta da Palavra de Deus “permite ao equipista, não somente conhecer a Deus, mas acima de tudo, enraizar-se melhor no evangelho. Essa escuta faz com que cada pessoal do casal entre em contado direto com a pessoa de Cristo” (Guia das ENS, p 24)
A ferramenta da Meditação “consiste em ter um tempo para estar a sós com Aquele que nos ama. É um tempo de escuta silenciosa, de coração a coração, um tempo de descoberta e acolhimento do projeto que Deus tem para nós” (idem, p. 24-5).
A ferramenta da Oração Conjugal “torna-se a expressão comum de duas orações individuais e deve nascer naturalmente de uma vida partilhada”
A ferramenta do Dever de Sentar-se “evita a rotina da vida conjugal e mantém jovem e vivo o amor e o casamento. Tempo de manifestação dos sentimentos e dos pensamentos”.
A ferramenta da Regra de Vida é onde precisamos colocar um pouco mais de nossas forças, derramar um pouco mais do nosso suor, por isso, “escolher e assumir uma regra de vida ajuda cada um a aderir pessoalmente e de maneira concreta ao projeto que Deus tem para cada cônjuge e para o casal”.
A ferramenta do Retiro é perceber que na arte de lapidar, precisamos também de intervalos. Assim o “retiro é um tempo privilegiado de parada, de escuta, de oração e uma oportunidade de renovação espiritual”.
Por fim, não podemos deixar de esquecer-se da ferramenta chamada Equipe. Ser Equipe é “assumir a lealdade para com os outros membros e a prática da mística e da pedagogia do movimento”.
Tomados das ferramentas corretas, podemos dar uma forma à pedra da vida e lapidá-la com a força divina.
Assim, é preciso entender que o processo formativo é algo que exige tempo, dedicação, responsabilidade e fraternidade. Basta olharmos para o Cristo, que logo de início deixou claro aos seus apóstolos quais seriam as regras do seguimento: “Quem quiser me seguir, tome sua cruz e siga-me” (Lc 9,23), ou ainda “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. (Lc 9,62).
Para Ser equipista, ser um artista que talha sua espiritualidade conjugal é preciso ter disponibilidade para Forma-se e assim ser uma formador do valor do vinculo indissolúvel.
O querer formar-se faz com que a pessoa ou o casal busque as fontes certas e sérias. Em 2011 o Movimento aponta para a formação “ referente às questões da Igreja local e universal, ajudando-os a perceber a presença de Deus na história diária individual e da sociedade”. Temos o Catecismo de nossa Igreja, o Documento de Aparecida e tantos outros que acrescentam a este processo formativo.
Mas o processo formativo não para por ai. É preciso ainda pensar e agir no sentido da Revitalização da Reunião de Equipe. Como andam nossas reuniões. Estamos levando um pouco de água para ser partilhada ou ainda a entendemos como um ato social?
O valor do Ser equipe, passa pela compreensão da própria Igreja como uma grande comunidade viva de filhos e filhas de Deus. Assim temos a tarefa de “Aprofundar o conteúdo dos textos “Ecclesia” e “Testamento Espiritual”. A (re)leitura destes textos, certamente, vai abrir o coração de muitos equipistas no sentido de reconhecer a substância sobrenatural e o mistério da Reunião de Equipe e encará-la como um espaço de formação, capaz de “desenvolver a capacidade de olhar para as pessoas e para o mundo com os olhos de Deus, a fim de se transformarem numa verdadeira comunidade de fé, uma pequena Ecclesia”(RE), assim como fez Jesus com os doze primeiros apóstolos, levando-os a abrir seu coração à compreensão da Boa Nova.”
Por fim, não podemos deixar de continuar formando-nos na escola Eucarística. “O Sacramento do Esposo, da Esposa”. “O vínculo fiel, indissolúvel e exclusivo que une Cristo e a Igreja e tem expressão sacramental na Eucaristia está em harmonia com o dado antropológico primordial segundo o qual o homem deve unir-se de modo definitivo com uma só mulher, e vice-versa”.
Não nos esqueçamos de que queremos envolver-se num um processo formativo para amar e servir como Jesus (Tema 2011), no desejo de “sermos imitadores de Deus, como filhos amados” (Lema 2011). (Efésios 5,1).
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