Hoje a Igreja celebra a festa dos arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael. Trata-se de uma festa antiga em nossa Igreja, remete aos primeiros séculos. Falar desta celebração de hoje é analisá-la em diversas perspectivas: a devocional, a supersticiosa, a cristológica.
Prefiro ficar com a dimensão cristológica, ou seja, recordar a festa dos santos, de Maria e dos arcanjos é ter clara a centralidade de nossa fé: a pessoa de Jesus Cristo. Recordar que são portadores da mensagem divina que se manifesta plenamente na encarnação. Neste mistério, o mistério de Deus vem ao encontro do ser humano e com ele dialogo, estabelece amizade.
Tudo converge para sua missão e ação. Esses elementos dos santos, dos anjos que celebramos na liturgia são complementos de nossa fé e que nos fazem perceber a lógica de Cristo.
Associo a ação de cada anjo ao ministério de Cristo: Miguel, "Quem como Deus". "Houve então um combate no Céu: Miguel e seus anjos combateram contra o dragão. Também o dragão combateu, junto com seus anjos, mas não conseguiu vencer e não se encontrou mais lugar para eles no Céu". (Apocalipse 12,7-8). Em Cristo, podemos contemplar a face humana de Deus, e no mistério da sua paixão-morte-ressurreição, o grande combate é vencido pela vida. O pecado é superado pela graça. No gesto do sacrifício, ele recorda o grande amor de Deus por cada um de nós.
Olhar a figura de São Miguel, é perceber que no desejo de configurar-se a Cristo, estamos neste combate da fé. Permanecer nos pontos concretos da vida é senão tornar-se um defensor daquilo que cremos.
Em Gabriel, significa "Força de Deus" ou "Deus é a minha proteção". O mensageiro da graça da encarnação, faz-se presença viva diante da Virgem Maria e de cada um de nós. Conduzido pelo Espírito, o conteúdo do qual o anjo trás consigo, é senão a certeza da superação do medo, da insegurança, de um possível abandono. Olhar para São Gabriel, e associá-lo a Cristo, é ter a certeza de que daquele ventre vem senão o sinal de salvação. Com Gabriel, somos anunciadores e portadores da vida.
Em Rafael, “Deus curou" ou "Medicina de Deus". Em Cristo, a humanidade é curada de sua ferida pecadora. Da ferida que surge pela lança do soldado no peito de Cristo, está a cura da humanidade. Ferida está que será sinal de ressurreição após a experiência do sepulcro. Com Rafael, conduzidos a Cristo, sepultamos nossas feridas, nossas tristezas, nossa desolação, o vazio da perda, para reencontrar a graça da vida.
Enfim, conduzidos pelos arcanjos, queremos nós, participarmos da liturgia do céu, cantos hinos e louvores a Deus, enquanto celebramos nossa liturgia terrena. Que nossa vida, seja um exemplo de que carregamos no coração uma mensagem que nos coloca na presença de Deus, nos faz acolher a graça divina, para contemplar a remissão dos nossos pecados e participação na glória.
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