HOMILIA NA CELEBRAÇÃO DE ABERTURA DIOCESANA DA SEMANA NACIONAL DA
FAMILIA
POR OCASIÃO DA FESTA DE SÃO LOURENÇO, DIÁCONO E MÁRTIR
Reverendíssimos
Padres
Reverendos
Diáconos
Caros
Membros da Comissão Diocesana da Pastoral Familiar
Estimados
Coordenadores Paroquiais
Membros
da Pastoral Familiar das Paróquias de nossa Diocese
Querido
Povo de Deus.
Primeiramente, nossa Paróquia São José
Operário, criada há seis meses, se enche de alegria, por poder já neste inicio
de caminhada escrever em sua história a celebração de hoje, acolhendo a cada
um, como presente de Deus, assim como fez, nosso santo padroeiro, São José
Operário, em relação a Jesus.
Formamos aqui a família diocesana e como
Igreja, damos a visibilidade do que significa viver uma relação esponsal,
matrimonial com o Cristo. Sentimo-nos envolvidos pelo amor divino, onde o
mistério eucarístico que estamos celebrando relembra do infinito gesto de
doação de um para com o outro. A Igreja torna-se o lugar, o espaço, a
manifestação e o sinal sensível da presença de Deus que atua no tempo, na
história, no trabalho, na festa e na família. Envolvidos pela graça divina,
somos a extensão do coração de Deus, bem como do seu projeto de salvação e
daquilo que há de mais claro em seu Ser: que todos vivam em comunhão ame uns
aos outros e alcance a participação na vida eterna.
Neste ano de 2012, a Semana da Família,
procurando ser um reflexo do VII Encontro Mundial das Famílias, ocorrido em Milão,
desponta nosso interesse para os temas e as realidades que envolvem o cotidiano
familiar, o trabalho e a vida social, expressa no aspecto da Festa. Com estas
perspectivas, parece-nos claro de que não buscamos enquanto Igreja (entenda-se
cada um) viver alienados ou simplesmente desenvolver dentro do âmbito do casal,
uma espiritualidade que os coloque em outro mundo, mas pelo contrário, olhando
para estas vertentes, buscamos edificar a espiritualidade familiar, com o
coração em Deus e os pés na realidade.
A essência da fé cristã, não é difícil
de ser entendida: Toda ação pastoral tem em Cristo o seu ponto de partida e de
chegada (cf. DGAE 2011-2015, n.4). Assim, não quero aqui discorrer e
convencê-los da tarefa e a missão de cada um, mas mostrar o sentido de estar
constantemente unido ao nosso esposo Jesus Cristo. Acredito que um dos modos ou
meios pelos quais podemos viver a Semana da Família, é redescobrir o papel de
Jesus Cristo, como principio da conjugalidade, da familiaridade e da ação
pastoral. Não só as famílias que serão convidadas a estar em cada atividade
promovida pelas paróquias são chamadas a descobrir o Cristo, mas todos. No
texto do evangelho de ontem, ouvíamos a analise da realidade feita pelo Cristo,
com um olhar interno e externo: Quem dizem os homens e vocês que eu sou?
O processo de descoberta do “lugar” da
nossa relação matrimonial com o Cristo começa quando não apenas dizemos a nós
mesmos quem Ele é, mas já o tenhamos experimentado e saibamos quem de fato ele
é. Deste modo, aproximar-se de Jesus Cristo é um fato essencial para que a
família descubra nele a razão do seu proceder, do seu caminhar e do anunciar.
Não basta conhecê-lo. É preciso ir além. Do
mesmo modo que ouvimos no texto do evangelho de hoje: “Se o grão de trigo que cai na
terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz
muito fruto.”. Esta morte acontece, porque a semente descobre que sua essência
não consiste em apenas ser um grão, mas tornar-se sinal de vida.
Antes de
querermos ser sinal de vida para outras famílias, gostaria de convidá-los a
descobrir qual a nossa capacidade de produzir vida, isto é, não queremos apenas
saber que somos coordenadores ou membros da Pastoral Familiar, mas queremos
como membros de vida eclesial estar ligado a Jesus Cristo que nos dará a
capacidade de irmos além do simplesmente “ser uma semente”.
A nossa relação matrimonial com o
Cristo, encontra ainda razões e fundamentos quando o casal (esposo e esposa)
tem uma meta de vida conjugal. Testemunhando sua conjugalidade aos demais
membros da família, certamente os frutos serão de que a “Família continua sendo
a célula da sociedade”. O subsidio Hora da Família afirma: “Quando os dois
cônjuges se entregam totalmente um ao outro, pela atração, pela companhia, pelo
diálogo, amizade, companheirismo, amor, doação, comprometimento juntos doam-se
entre si e também aos filhos”. Estar próximo de Jesus Cristo ajudara cada casal
a entender que “amar é cuidar do limite do outro”.
Da mesma forma que cada um ao longo dos
anos procurou conhecer seu cônjuge e estabelecer com ele um novo lar, assim, a
Semana da Família será um semear, quando cada um, de fato, entender o lugar e o
papel de Jesus Cristo na vivencia da espiritualidade conjugal, e com isso,
estaremos colocando em prática o primeiro objetivo desta Semana: “procura
motivar, fortalecer e evangelizar a partir de Jesus Cristo e na força do
Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela
Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos
pobres, para que todos tenham vida, rumo ao reino definitivo”.
Mas a relação matrimonial com o Cristo, passa pelo Trabalho. Parece-nos
distante entender isto, mas o vinculo matrimonial, traz a cada um a
responsabilidade de “trabalhar pela santificação do outro”. Do mesmo modo,
refletir a Semana da família na perspectiva do Trabalho, é senão entender, de
que modo, estamos envolvidos com a santificação do outro. “o trabalho é para
cada ser humano um chamado a participar efetiva e afetivamente na obra de
Deus”. Não queremos entender a família apenas no contexto do Trabalho, como
algo braçal. Mas entender de que modo, cada família consegue promover um “vínculo”
de valores, que são consequências daquelas sementes lançadas ao chão e que
descobriram sua finalidade e sua razão de ser, quando morreram para si e
tornaram-se vida para o outro.
A semana da família também quer refletir
sobre a influência do Trabalho no desenvolvimento desta conjugalidade e desta
familiaridade. Até que ponto eles interferem na essência da família. Sabemos
que eles são indispensáveis, no entanto, não devem fazer com a “convivência
familiar” seja posta em risco.
Por fim, a semana da Família, é
celebrada da perspectiva da Festa. A
melhor festa que participamos e pela qual nutrimos nossa relação matrimonial
com o Cristo, chama-se Eucaristia. Quem não se lembra do refrão do congresso
eucarístico de Campinas: “Venham, Venham todos, para a Ceia do Senhor, casa
iluminada, mesa preparada com paz e amor”. Mas uma vez retomamos ao ponto
central de nossa reflexão, a Semana da Família, deve ajudar as famílias a
descobrir a alegria do Cristo em suas vidas. A Festa que se pode fazer na
medida em que se mantém uma relação séria e próxima daquele que é expressão do
amor de Deus por nós. E a festa cristã tem um dia certo: o domingo. O Dia que o
Senhor fez para nós, como diz o Salmo do domingo da Páscoa. Sentir o desejo da eucaristia. Buscar as
celebrações como uma “antecipação do Céu”, como nos afirma o Concílio Vaticano
II.
Aqui a tarefa da semana da Família, é
ajudar cada ambiente a familiar a entender que a Festa Eucarística preparada
dominicalmente não consistira apenas num ato de comungar, mas num ato de
continuidade, isto é, a festa da salvação ganha seu sentido quando há em cada
membro da família o esforço de fazer do seu trabalho e do lar, um lugar onde a
eucaristia é celebração, é festa, é realidade próxima, não apenas ato
litúrgico, mas ato vivencial e do coração.
Peçamos a interseção de Santa Gianna
Beretta Molla, que escolheu pela vida da criança, nos auxilie também a optar
pela vida em Jesus Cristo.
Em nome de nosso Bispo e de nossa
Diocese, uma Semana da Família frutuosa, repleta deste “lugar da família” na
sua relação com Jesus Cristo. Trabalhemos conduzidos pelo Espírito Santo, para
que a Festa da santificação familiar seja uma realidade em cada paróquia.
Que Santo Lourenço e Santa Gianna
Beretta Molla, roguem a Deus por nós.
Padre Kleber Rodrigues da Silva
Secretário de Pastoral – Diocese de Taubaté.
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