Compartilho uma pequena reflexão sobre o Amor a Deus e ao próximo. Trata-se do Tema n.07/2012 do Movimento das Equipes de Nossa Senhora.
Tema 7: O amor de Deus e o amor ao próximo se
encontram
Pe. Kleber Rodrigues da Silva
No caminho que percorremos entre a
Samaria e a Jerusalém da nossa vida, um fato marca nossa experiência de fé: a
necessidade de socorrer o outro que está à beira do caminho.
Com este olhar o tema deste mês
convida-nos a entender a lógica do Amor a Deus e ao próximo. Se pensarmos
profundamente parece-nos que a linha de raciocínio está na percepção do nível
de amor que temos em relação a um e ao outro, ou ainda, analisar a consciência
e dizer que ela apontará para a possível
facilidade em amar a Deus e a fácil
dificuldade em amar o outro. Razão pela qual o texto pincela entre as asas
da existência humana, fides et ratio
(fé e razão). Num outro pensamento que me ocorre parece que queremos na verdade
entender nossa capacidade de amar as duas realidades, Deus e o outro, no mesmo
nível.
O Papa Bento XVI, em seu livro Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até
a Ressurreição, assim descreve: “o
amor é precisamente o processo da passagem, da transformação, da saída dos limites
da condição humana”.
A partir disso é preciso compreender
que o ato de amar não se resume apenas a uma “esfera moral”, na qual devemos ou
não amar este ou aquele, mas como afirma o Papa Bento XVI, é algo que
transcende o limite da condição humana. O amor não é apenas palavra, é ato, somente
quem supera a realidade do discurso e vai à prática consegue encontrá-lo. Amar
também não se resume a atitudes meramente físicas, mas em compreensões espirituais, psicológicas e afetivas. É necessário
buscar como pessoa humana um amadurecimento, como forma de compreender a lógica
do amor.
Deus
caritas est (Deus é amor) e criados a imagem e semelhança desta Natureza na
qual as três formas de amor se fundam (Ágape, Eros e Filia), o ser humano,
recebe “a necessidade de amar” como forma de Dom (um presente de Deus colocado
em nossa consciência). Há uma busca humana no outro. Cada “outro” tem a
necessidade de amar o “outro”, donde nasce no caso dos casais a conjugalidade.
Amar é sentir-se deslocado, provocado,
desestabilizado, movido ao outro. Movido por este dom que o Samaritano não fez do Amor apenas um conhecimento teórico
ou uma palavra, mas o transformou em “exemplum
= dom”. Ao tornar-se “exemplum”, o
ato de amar ganha a identidade de “sacramentum”, isto é, marcas eternas no
coração do outro.
Deste modo o ser humano vai entendendo
seu “tempo”, sua “passagem” por este mundo na medida em que ele procura
descobrir o significado de ter sido “criado à imagem e semelhança”. Parece-me
que Deus sacramentaliza na identidade humana a necessidade de amar como caminho
de descoberta daquilo que ele é. Por isso, não basta querer amar a Deus e não
amar o outro. Em cada um há uma necessidade de buscar o outro como lugar onde
encontro o “meu amor, a minha identidade, a razão existencial”, assim, amando o
outro, ama-se a Deus.
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