18/10/2012

O amor a Deus e ao próximo se encontram



Compartilho uma pequena reflexão sobre o Amor a Deus e ao próximo. Trata-se do Tema n.07/2012 do Movimento das Equipes de Nossa Senhora.


Tema 7: O amor de Deus e o amor ao próximo se encontram

Pe. Kleber Rodrigues da Silva

         No caminho que percorremos entre a Samaria e a Jerusalém da nossa vida, um fato marca nossa experiência de fé: a necessidade de socorrer o outro que está à beira do caminho.
         Com este olhar o tema deste mês convida-nos a entender a lógica do Amor a Deus e ao próximo. Se pensarmos profundamente parece-nos que a linha de raciocínio está na percepção do nível de amor que temos em relação a um e ao outro, ou ainda, analisar a consciência e dizer que ela apontará para a possível facilidade em amar a Deus e a fácil dificuldade em amar o outro. Razão pela qual o texto pincela entre as asas da existência humana, fides et ratio (fé e razão). Num outro pensamento que me ocorre parece que queremos na verdade entender nossa capacidade de amar as duas realidades, Deus e o outro, no mesmo nível.
         O Papa Bento XVI, em seu livro Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a Ressurreição, assim descreve: “o amor é precisamente o processo da passagem, da transformação, da saída dos limites da condição humana”.
         A partir disso é preciso compreender que o ato de amar não se resume apenas a uma “esfera moral”, na qual devemos ou não amar este ou aquele, mas como afirma o Papa Bento XVI, é algo que transcende o limite da condição humana. O amor não é apenas palavra, é ato, somente quem supera a realidade do discurso e vai à prática consegue encontrá-lo. Amar também não se resume a atitudes meramente físicas, mas em compreensões espirituais, psicológicas e afetivas. É necessário buscar como pessoa humana um amadurecimento, como forma de compreender a lógica do amor.
         Deus caritas est (Deus é amor) e criados a imagem e semelhança desta Natureza na qual as três formas de amor se fundam (Ágape, Eros e Filia), o ser humano, recebe “a necessidade de amar” como forma de Dom (um presente de Deus colocado em nossa consciência). Há uma busca humana no outro. Cada “outro” tem a necessidade de amar o “outro”, donde nasce no caso dos casais a conjugalidade. Amar é sentir-se deslocado, provocado, desestabilizado, movido ao outro. Movido por este dom que o Samaritano não fez do Amor apenas um conhecimento teórico ou uma palavra, mas o transformou em “exemplum = dom”. Ao tornar-se “exemplum”, o ato de amar ganha a identidade de “sacramentum”, isto é, marcas eternas no coração do outro.
         Deste modo o ser humano vai entendendo seu “tempo”, sua “passagem” por este mundo na medida em que ele procura descobrir o significado de ter sido “criado à imagem e semelhança”. Parece-me que Deus sacramentaliza na identidade humana a necessidade de amar como caminho de descoberta daquilo que ele é. Por isso, não basta querer amar a Deus e não amar o outro. Em cada um há uma necessidade de buscar o outro como lugar onde encontro o “meu amor, a minha identidade, a razão existencial”, assim, amando o outro, ama-se a Deus.


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