Livro-Tema 2013: O caminho da vida espiritual em casal
Tema 1: Em busca de uma Espiritualidade
Pe. Kleber Rodrigues da Silva
Um
dos pontos fundamentais do nascimento do Movimento das Equipes de Nossa Senhora
está quando casais sentem a necessidade de amadurecer sua espiritualidade e com
isso recorrem ao Padre Caffarel apresentando-lhe o desejo e obtém a seguinte
resposta: “Façamos o caminho juntos.”
A dinâmica do livro-tema de 2013
parece-me reforçar bem este aspecto de que os casais estejam atentos a
necessidade de “se fazer o caminho juntos”, seja através da própria
conjugalidade ou no relacionamento estabelecido na equipe de base. A meta não é
buscar uma espiritualidade individualista, mas de comunhão e consequentemente
de entreajuda.
Partimos sempre de um lugar, de uma
realidade, de uma situação, de uma condição. Com o Movimento não é diferente,
pois cada casal e cada equipe de base deve se perguntar a que parte do caminho
se encontra e onde quer chegar. Não podemos partir e nem querer chegar a
qualquer lugar. É preciso ter claro o destino, por isso, a temática assumida
pelo livro-tema deixa claro que o ponto de partida e chegar é o amadurecimento
da espiritualidade como lugar onde o casal nutre sua experiência esponsal,
comunitária, doutrinal, profissional e assim se vai.
Outro ponto fundamental que o
primeiro capítulo nos aponta é saber também que espiritualidade buscamos. Não
nos faltam opções de espiritualidades na Igreja, aliás, uma das riquezas de
nossa eclesialidade está nesta diversidade. Se de um lado, isto é magnifico,
como fruto do Espírito Santo, este mesmo Espírito ajuda-nos a optar e discernir
por qual espiritualidade nos identificamos. Poderíamos aqui recordar, quantos
casais que buscaram a espiritualidade e a dinamicidade do Movimento e no
entanto não se adequaram. Do mesmo modo, quem se envolve com as Equipes de
Nossa Senhora deve amadurecer a clareza de sua opção, que está em desenvolver
uma espiritualidade conjugal.
Descoberto de que participar e
envolver-se com o Movimento das Equipes de Nossa Senhora é ter ciência de que
se procura desenvolver uma espiritualidade, cada casal, bem como cada equipe
deve buscar tomar consciência de uma outra realidade, de que a espiritualidade
conjugal é senão uma extensão, ou ainda mais, um desdobramento daquilo que é o
central da vida da Igreja: Jesus Cristo. Devemos ter claro de que o ponto de
partida está na assimilação de uma espiritualidade cristã (que parte de Cristo)
e que se desenvolve e é absolvida nas suas ramificações ou poderíamos chamar
aqui, no modo como as diversas realidades assimilam e procuram viver dentro do
seu específico. Entenda, a espiritualidade conjugal assumida como dinâmica do
Movimento das Equipes de Nossa Senhora é fruto desta espiritualidade que vem de
Jesus Cristo.
O ponto de partida é: em busca de
uma espiritualidade. Qual? A cristã ou a conjugal? Não seriam as duas
complementares? Que sinais o casal percebe dentro da conjugalidade como
decorrência da espiritualidade cristã?
É importante perceber que não se
quer apontar a necessidade de duas espiritualidades, isto é, cristã ou
conjugal, mas entendermos que de que são realidades que se entrelaçam. Não
posso dizer que vivo uma espiritualidade conjugal sem ter como princípios os
valores cristãos.
Aqui podemos até ampliar o leque de
questionamentos e pensar no real motivo que leva cada casal a nutrir sua
permanência no Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Não esqueçamos que na
gênesis daqueles casais que foram atrás do Padre Caffarel está um desejo:
crescer espiritualmente, no conhecimento, no relacionamento e na aliança com
Jesus Cristo.
Um outro ponto fundamental na busca
concreta de espiritualidade é de que ela não nos tornará em pessoas que vivem
alienadas, como “extraterrestres” ou
protegidas por uma redoma de vidros. A espiritualidade ajuda o casal a enxergar
sua humanidade com os olhos da Fé e isso se acrescenta quando entendem que os
pontos concretos de esforço são os meios pelos quais esta espiritualidade abre
os olhos, não de super-heróis, mas de
casais e equipes humanas, limitadas, mas com um único desejo, que parte da
resposta do Padre Caffarel: “façamos o caminho juntos”.
Cada casal e cada equipe deve
entender que desenvolver uma espiritualidade é sentir-se provocado diariamente
a lidar com os dons e as arestas da conjugalidade. Entrelaçar a espiritualidade
cristã e conjugal é sentir-se a cada momento chamado pelo próprio Jesus Cristo
a dar passos de transformação. Uma espiritualidade, seja ela qual for, quando
assumida com veracidade, nunca nos deixará estagnados, mas sempre nos colocará
a caminho.
A espiritualidade da qual o casal e
a equipe devem buscar, fará de todos novas criaturas, dará a capacidade de
olhar para o interior não como um abismo, mas como um lugar de transformação,
trará o olhar do amor e do perdão sobre a humanidade da conjugalidade, por
isso, concluo com umas palavras de um grande pensador Roy Croft: “Amo-te não apenas pelo que tu és, mas por
tudo aquilo que sou quando estou ao teu lado. Amo-te não apenas por aquilo que
tens feito por ti mesmo, mas pelo que estás fazendo comigo. Por ignorar todas
as coisas tolas e fracas que encontraste, mas nada podias fazer a respeito, e
por trazeres à luz todas as belezas que possuo e que ninguém havia olhado o
tempo suficiente para encontra-las.”
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