Movimento das Equipes
de Nossa Senhora
Livro-Tema 2013: O caminho da vida espiritual em casal
Tema 4: Os fundamentos da Espiritualidade Conjugal
Pe. Kleber Rodrigues da Silva
A dinâmica formativa do Movimento
das Equipes de Nossa Senhora coloca-nos novamente numa esfera de compreensão e
assimilação dos alicerces da espiritualidade conjugal. É bom lembrar que a cada
mês a expressão “fundamentos” nos tornou familiar. Isto demonstra a importância
de construirmos uma base sólida em vista de um amadurecimento.
O participar enquanto casal deste
processo formativo deve despertar nos cônjuges uma alegria, bem como, uma
necessidade de aprofundar a cada mês o conhecimento e a vivência do amor
esponsal. A compreensão da conjugalidade dentro do âmbito de uma espiritualidade
abre ao casal uma esfera de responsabilidades. Em cada leitura assimilada todos
(casais e equipes) terão a tarefa de colocar frente a frente o seu dia a dia,
seu esforço diário, como lugar concreto da aplicação destes fundamentos da
espiritualidade conjugal.
O primeiro ponto importante para ser
compreendido, é a natureza divina e sacramental do matrimônio. Não nos
esqueçamos que a própria espiritualidade conjugal está inserida em Cristo, por
isso, o casal deve procurar refletir de que modo a vida de Jesus acontece no
seu cotidiano. Deste modo, é preciso compreender Cristo como uma referência
humana e divina. Percebo que muitos tem medo de estar com Ele, pois o concebem
como uma realidade distante.
A natureza divina de uma
espiritualidade conjugal convida o casal a manter esta necessidade de
relacionar-se com Deus. Quando sente (e cultiva) de fato esta busca, o casal,
tira o “peso burocrático” dos pontos concretos de esforço e passa a realizá-lo
com naturalidade. Esta mesma natureza dá ainda a sensação de que este esforço
diário de transformação é semelhante ao sangue que percorre nossas veias e
pulsa do coração. Quando isso não ocorre estamos fadados a morte.
Já a natureza sacramental do
matrimônio e consequentemente da conjugalidade possibilita expressar com
“sinais sensíveis a graça de Deus” acontecida na vida do casal. É quando vão
para a reunião de base, e no momento da Partilha têm a possibilidade de
oferecer aos outros casais as percepções desta sacramentalidade. Aqui
encontramos um outro dado fundamental daquilo que disse acima relacionado ao
“peso burocrático”. A Partilha da vivência mensal da conjugalidade cristã
carrega em si uma expressão sensível do “sacro”, do divino, do envolvido por
uma mística, do transpirar a presença de Deus. Escrevemos, anotamos, mas é
fundamental que haja por parte do casal uma “naturalidade sacramental” em
contar aos outros aquilo que foi acontecimento humano e divino dentro do
contexto da conjugalidade cristã. Parece-me que falta um pouco desta atitude:
naturalidade dos pontos concretos de esforço.
Eis um segundo ponto a ser considerado. Depois da natureza
divina e sacramental, uma espiritualidade conjugal desenvolve-se pela
naturalidade.
O casal ao viver a naturalidade de sua conjugalidade
carrega isso para o cotidiano. Construir a sinceridade das relações é a base que
os levou um dia a unirem-se sacramentalmente. Neste processo o casal descobre
as feridas que precisam ser curadas e os limites a serem carregados. Por isso,
os cônjuges devem perceber que a espiritualidade tem um dimensão de ascendência
(de voltar-se para o alto, para o divino) e uma introspecção (do voltar-se para
o coração, para sua humanidade). Aqui cabe uma pergunta: até que ponto, o
caminhar como equipista possibilita ao casal, mês a mês, vivenciar estes
olhares (para cima e para o interior de si)?
Não nos esqueçamos: uma conjugalidade cristã se constrói com
uma natureza divina e sacramental, além de uma naturalidade na qual o casal
lança os olhares para o alto e para o interno, provocando assim, no cotidiano
da espiritualidade um desejo de não permanecer no mesmo lugar, mas sempre dando
passos em vista da santificação.
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