11/06/2013

Os fundamentos da Espiritualidade Conjugal



Movimento das Equipes de Nossa Senhora
Livro-Tema 2013: O caminho da vida espiritual em casal

Tema 4: Os fundamentos da Espiritualidade Conjugal

Pe. Kleber Rodrigues da Silva


            A dinâmica formativa do Movimento das Equipes de Nossa Senhora coloca-nos novamente numa esfera de compreensão e assimilação dos alicerces da espiritualidade conjugal. É bom lembrar que a cada mês a expressão “fundamentos” nos tornou familiar. Isto demonstra a importância de construirmos uma base sólida em vista de um amadurecimento.
            O participar enquanto casal deste processo formativo deve despertar nos cônjuges uma alegria, bem como, uma necessidade de aprofundar a cada mês o conhecimento e a vivência do amor esponsal. A compreensão da conjugalidade dentro do âmbito de uma espiritualidade abre ao casal uma esfera de responsabilidades. Em cada leitura assimilada todos (casais e equipes) terão a tarefa de colocar frente a frente o seu dia a dia, seu esforço diário, como lugar concreto da aplicação destes fundamentos da espiritualidade conjugal.
            O primeiro ponto importante para ser compreendido, é a natureza divina e sacramental do matrimônio. Não nos esqueçamos que a própria espiritualidade conjugal está inserida em Cristo, por isso, o casal deve procurar refletir de que modo a vida de Jesus acontece no seu cotidiano. Deste modo, é preciso compreender Cristo como uma referência humana e divina. Percebo que muitos tem medo de estar com Ele, pois o concebem como uma realidade distante.
            A natureza divina de uma espiritualidade conjugal convida o casal a manter esta necessidade de relacionar-se com Deus. Quando sente (e cultiva) de fato esta busca, o casal, tira o “peso burocrático” dos pontos concretos de esforço e passa a realizá-lo com naturalidade. Esta mesma natureza dá ainda a sensação de que este esforço diário de transformação é semelhante ao sangue que percorre nossas veias e pulsa do coração. Quando isso não ocorre estamos fadados a morte.
            Já a natureza sacramental do matrimônio e consequentemente da conjugalidade possibilita expressar com “sinais sensíveis a graça de Deus” acontecida na vida do casal. É quando vão para a reunião de base, e no momento da Partilha têm a possibilidade de oferecer aos outros casais as percepções desta sacramentalidade. Aqui encontramos um outro dado fundamental daquilo que disse acima relacionado ao “peso burocrático”. A Partilha da vivência mensal da conjugalidade cristã carrega em si uma expressão sensível do “sacro”, do divino, do envolvido por uma mística, do transpirar a presença de Deus. Escrevemos, anotamos, mas é fundamental que haja por parte do casal uma “naturalidade sacramental” em contar aos outros aquilo que foi acontecimento humano e divino dentro do contexto da conjugalidade cristã. Parece-me que falta um pouco desta atitude: naturalidade dos pontos concretos de esforço.
Eis um segundo ponto a ser considerado. Depois da natureza divina e sacramental, uma espiritualidade conjugal desenvolve-se pela naturalidade.
O casal ao viver a naturalidade de sua conjugalidade carrega isso para o cotidiano. Construir a sinceridade das relações é a base que os levou um dia a unirem-se sacramentalmente. Neste processo o casal descobre as feridas que precisam ser curadas e os limites a serem carregados. Por isso, os cônjuges devem perceber que a espiritualidade tem um dimensão de ascendência (de voltar-se para o alto, para o divino) e uma introspecção (do voltar-se para o coração, para sua humanidade). Aqui cabe uma pergunta: até que ponto, o caminhar como equipista possibilita ao casal, mês a mês, vivenciar estes olhares (para cima e para o interior de si)?
Não nos esqueçamos: uma conjugalidade cristã se constrói com uma natureza divina e sacramental, além de uma naturalidade na qual o casal lança os olhares para o alto e para o interno, provocando assim, no cotidiano da espiritualidade um desejo de não permanecer no mesmo lugar, mas sempre dando passos em vista da santificação.


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