Refletindo sobre
a Liturgia da Palavra deste
14º Domingo do
Tempo Comum
Padre Kleber Rodrigues da Silva
Celebrar o tempo comum é perceber o
itinerário e a caminhada profética realizada por Jesus que se faz presente em
diversos ambientes e ali manifesta o amor divino pela condição humana.
Neste percurso profético, quem o
acompanha tem a possibilidade de conhecê-lo e consequentemente de aderir a sua
causa, tomar parte na missão. Conhecer para saber de fato quem nós seguimos.
Diante de processo, Jesus enfrente
as situações de rejeição por parte do povo e das autoridades da época, é isso,
o que podemos refletir com os textos bíblicos.
Primeira
Leitura de Ezequiel (Ez 2,2-5) demonstra uma necessidade humana: conhecer para evitar a
rejeição. Estamos na época do exílio da babilônia (593-571 a.C.), trata-se de
um período difícil para o povo e para o profeta e é neste ambiente que vemos as
características de uma vocação profética: a) é enviado por Deus; b) Fala em
nome de Deus; c) Enfrenta aqueles que não querem ouvir.
Aqui se pergunta: quem são os
destinatários desta mensagem? Certamente é a Elite Babilônica que gera toda a
situação de sofrimento junto aos mais humildes. É importante observar que
determinadas situações são postas como “vontade ou culpa de Deus”, quando na
verdade são geradas pelo orgulho humano.
A leitura demonstra toda dificuldade
missionária vivida pelo profeta, mas também deixa claro o apoio divino, quando
no inicio da leitura foi dito: Um espírito me colocou de pé. É nesta
perspectiva que se vive a adesão a Jesus Cristo nos dias de hoje, como consequência
do ateísmo vigente na sociedade, aqueles que aderem são perseguidos e
caluniados. É preciso ter convicção da nossa adesão.
Na segunda leitura da Carta de Paulo aos Coríntios (2Cor 12,7-10),
Paulo demonstra de uma forma atualizada esse profetismo do antigo testamento
sofrendo também as consequências de sua experiência em Jesus Cristo.
O
modo como Cristo se manifesta a Paulo pode ser considerada uma forma extraordinária,
não só por ocasião de sua conversão, mas em diversas ocasiões. Assim, este “apóstolo
de Jesus Cristo”, não deixa que isto
torne-se elementos de orgulho ou de superioridade, mas de aceitação de um “espinho
na carne”. Paulo demonstra as consequências do ser discípulo de Jesus Cristo. Do
mesmo modo que Cristo é rejeitado, ele também no exercício de sua missão deixa
claro os frutos humanos das acusações.
No
evangelho (Mc 6,1-6), vemos Jesus sendo rejeitado em sua própria terra.
Segundo o autor bíblico, é a ultima vez que Ele vai a Nazaré e consequentemente
a sinagoga, mas é neste ambiente que manifesta nas pessoas uma “certa admiração
por suas palavras”. Há algo a se destacar, esta admiração gera na maioria uma
rejeição e não uma adesão. É um fato a ser aprofundado: analisando nossa busca
pelo Cristo, até que ponto nossa admiração gera adesão?
Estando na sinagoga vemos alguns
elementos importantes em relação a admiração: estaria o povo cansado dos
ensinamentos dos mestres e doutores da lei? O que atrai a atenção a Jesus? Seria
o fato de seus ensinamentos estarem acompanhamentos de atitudes que libertam?
A rejeição faz com que aqueles que
estão na sinagoga tomem de atitudes de “desprezo” através dos questionamentos
do tipo: sabemos quem é seu pai, sua mãe, de onde ele veio. Isto é, querem
colocá-lo no mesmo nível e assim desqualificar sua autoridade.
O pano de fundo desta rejeição
parece-nos bem claro, estar no fato de que rejeitam acima de tudo, o Mistério
da Encarnação. Jesus demonstra na encarnação o desejo de Deus em estar próximo
do ser humano e envolver esta realidade com sua divindade, no entanto, o coração
fechado torna impossível, que Deus realize algo.
Pensemos no sentido de
adesão-rejeição a Jesus Cristo em nossa vida e os desafios que temos hoje em
testemunhá-lo, visto que a sociedade nos coloca diversos espinhos na carne,
como forma de acusação, tentando desqualificar nosso compromisso com a verdade.
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