21/08/2012

A importância da Pastoral na vida da Igreja


A importância da Pastoral

Pe. Kleber Rodrigues da Silva

            O dia a dia de nossas Paróquias e Comunidades é marcado por diversas atividades que caracterizam a ação evangelizadora da Igreja e as quais damos o nome de Pastoral.
            A atividade pastoral desenvolvida dentro de uma Igreja tem como referência a pessoa de Jesus Cristo que se coloca como o Bom Pastor, em João 10. Ali o Cristo de cada uma, as protege, mas também vai atrás daquela que se perdeu. Trabalhar pastoralmente na vida da Igreja é ter claro esta missão, de anunciar, testemunhar e trilhar um caminho de intimidade com Jesus Cristo. Não basta uma série de atividades. Um autêntico trabalho pastoral se desenvolve associando ação e espiritualidade.
            O agente de pastoral deve ter claro que “toda ação eclesial brota de Jesus Cristo e se volta para Ele e para o Reino do Pai” (DGAE 2011-2015, n. 4). Deste modo, cada pastoral ou movimento existente precisa ter um foco, uma meta, um objetivo: conduzir as pessoas ao conhecimento de Jesus Cristo.
            Outro passo importante que cada pastoral deve dar é superar a ideia de somente “a sua” pastoral é importante. A meta não é essa, mas trabalhar a unidade na diversidade, uma pastoral complementa a outra como forma de testemunhar a multiplicidade dos dons e carismas.
            Que a cada mês construamos um caminho de reflexão sobre a Vida Pastoral de nossa Igreja e mais especificamente em nossa Diocese. Que o Cristo Bom Pastor, esteja junto de cada agente de pastoral.

Artigo a ser publicado no Jornal O Lábaro - Diocese de Taubaté

20/08/2012

Setembro: Mês da Bíblia?

Compartilho um artigo que acabei de escrever e será publicado no Informativo Mensal da CNBB-Regional Sul 1 - Estado de São Paulo.


Setembro: Mês da Bíblia

         A Igreja no Brasil celebra comumente os meses temáticos dentro de sua prática litúrgica e pastoral. Setembro é conhecido como o Mês da Bíblia, no qual muitas comunidades organizam-se para aprofundar o sentido não só do livro sagrado, mas da Palavra de Deus anunciada, celebrada, vivida e acontecida.
         Neste ano a proposta apresentada e preparada pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética aponta-nos a seguinte temática: “Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Marcos” e o lema: “Coragem, levanta-te! Ele te chama” (Mc 10,49).
         Dentro deste contexto temático, o Mês da Bíblia vem como uma oportunidade clara às nossas comunidades de responder aos anseios das Diretrizes da ação evangelizadora: “Não se trata, por certo, de nos voltarmos para a Palavra de Deus como atitude momentânea, fruto do atual período da história. Trata-se de redescobrir, mais ainda, que o contato profundo e vivencial com as Escrituras é condição indispensável para encontrar a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo e aderir ao Reino” (DGAE n. 46). Toda dinâmica assumida deve levar os batizados a um compromisso efetivo com a Palavra Encarnada e consequentemente com a tarefa missionária da Igreja. Sentir-se encorajado e nutrido para o trabalho pastoral e provocado ao testemunho do grande valor e sentido de ser um discípulo missionário.
         Não nos faltam pistas para celebrar efetivamente este mês, seja através dos grupos de reflexão, dos círculos bíblicos, da leitura orante. O importante é não restringir o Mês da Bíblia ao gesto litúrgico de entronizarmos a Sagrada Escritura em nossas celebrações, mas irmos além, dando à comunidade a oportunidade de ouvir, acolher, degustar e testemunhar o Verbo Encarnado.
         Cada comunidade é chamada aprofundar o seu discipulado e perceber que este mês deve trazer a animação bíblica da pastoral e assim “conduzir a uma iluminação bíblica de toda a vida” Esses dias tornam-se uma oportunidade clara de colocar em prática as pistas de ação apontadas nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2011-2015. Ouçamos o convite que nos é feito: “Coragem, levanta-te. Ele te chama”, afinal a “Igreja no Brasil quer investir cada vez mais na formação de todos os católicos para que, nas mais diversas formas de seguimento e missão, sejam agentes deste contato vivo, apaixonado e comprometido com a Palavra de Deus” (DGAE n. 92).
         Que o Espírito Santo abra os nossos corações dando-nos a oportunidade de fazer como a Virgem Maria, acolhedora do Verbo Divino.

Padre Kleber Rodrigues da Silva

Homilia na Celebração de Abertura Diocesana da Semana da Família





HOMILIA NA CELEBRAÇÃO DE ABERTURA DIOCESANA DA SEMANA NACIONAL DA FAMILIA

POR OCASIÃO DA FESTA DE SÃO LOURENÇO, DIÁCONO E MÁRTIR

Reverendíssimos Padres
Reverendos Diáconos
Caros Membros da Comissão Diocesana da Pastoral Familiar
Estimados Coordenadores Paroquiais
Membros da Pastoral Familiar das Paróquias de nossa Diocese
Querido Povo de Deus.


        Primeiramente, nossa Paróquia São José Operário, criada há seis meses, se enche de alegria, por poder já neste inicio de caminhada escrever em sua história a celebração de hoje, acolhendo a cada um, como presente de Deus, assim como fez, nosso santo padroeiro, São José Operário, em relação a Jesus.

        Formamos aqui a família diocesana e como Igreja, damos a visibilidade do que significa viver uma relação esponsal, matrimonial com o Cristo. Sentimo-nos envolvidos pelo amor divino, onde o mistério eucarístico que estamos celebrando relembra do infinito gesto de doação de um para com o outro. A Igreja torna-se o lugar, o espaço, a manifestação e o sinal sensível da presença de Deus que atua no tempo, na história, no trabalho, na festa e na família. Envolvidos pela graça divina, somos a extensão do coração de Deus, bem como do seu projeto de salvação e daquilo que há de mais claro em seu Ser: que todos vivam em comunhão ame uns aos outros e alcance a participação na vida eterna.

        Neste ano de 2012, a Semana da Família, procurando ser um reflexo do VII Encontro Mundial das Famílias, ocorrido em Milão, desponta nosso interesse para os temas e as realidades que envolvem o cotidiano familiar, o trabalho e a vida social, expressa no aspecto da Festa. Com estas perspectivas, parece-nos claro de que não buscamos enquanto Igreja (entenda-se cada um) viver alienados ou simplesmente desenvolver dentro do âmbito do casal, uma espiritualidade que os coloque em outro mundo, mas pelo contrário, olhando para estas vertentes, buscamos edificar a espiritualidade familiar, com o coração em Deus e os pés na realidade.

        A essência da fé cristã, não é difícil de ser entendida: Toda ação pastoral tem em Cristo o seu ponto de partida e de chegada (cf. DGAE 2011-2015, n.4). Assim, não quero aqui discorrer e convencê-los da tarefa e a missão de cada um, mas mostrar o sentido de estar constantemente unido ao nosso esposo Jesus Cristo. Acredito que um dos modos ou meios pelos quais podemos viver a Semana da Família, é redescobrir o papel de Jesus Cristo, como principio da conjugalidade, da familiaridade e da ação pastoral. Não só as famílias que serão convidadas a estar em cada atividade promovida pelas paróquias são chamadas a descobrir o Cristo, mas todos. No texto do evangelho de ontem, ouvíamos a analise da realidade feita pelo Cristo, com um olhar interno e externo: Quem dizem os homens e vocês que eu sou?

        O processo de descoberta do “lugar” da nossa relação matrimonial com o Cristo começa quando não apenas dizemos a nós mesmos quem Ele é, mas já o tenhamos experimentado e saibamos quem de fato ele é. Deste modo, aproximar-se de Jesus Cristo é um fato essencial para que a família descubra nele a razão do seu proceder, do seu caminhar e do anunciar.

         Não basta conhecê-lo. É preciso ir além. Do mesmo modo que ouvimos no texto do evangelho de hoje: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto.”. Esta morte acontece, porque a semente descobre que sua essência não consiste em apenas ser um grão, mas tornar-se sinal de vida.

        Antes de querermos ser sinal de vida para outras famílias, gostaria de convidá-los a descobrir qual a nossa capacidade de produzir vida, isto é, não queremos apenas saber que somos coordenadores ou membros da Pastoral Familiar, mas queremos como membros de vida eclesial estar ligado a Jesus Cristo que nos dará a capacidade de irmos além do simplesmente “ser uma semente”.

        A nossa relação matrimonial com o Cristo, encontra ainda razões e fundamentos quando o casal (esposo e esposa) tem uma meta de vida conjugal. Testemunhando sua conjugalidade aos demais membros da família, certamente os frutos serão de que a “Família continua sendo a célula da sociedade”. O subsidio Hora da Família afirma: “Quando os dois cônjuges se entregam totalmente um ao outro, pela atração, pela companhia, pelo diálogo, amizade, companheirismo, amor, doação, comprometimento juntos doam-se entre si e também aos filhos”. Estar próximo de Jesus Cristo ajudara cada casal a entender que “amar é cuidar do limite do outro”.

        Da mesma forma que cada um ao longo dos anos procurou conhecer seu cônjuge e estabelecer com ele um novo lar, assim, a Semana da Família será um semear, quando cada um, de fato, entender o lugar e o papel de Jesus Cristo na vivencia da espiritualidade conjugal, e com isso, estaremos colocando em prática o primeiro objetivo desta Semana: “procura motivar, fortalecer e evangelizar a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao reino definitivo”.

        Mas a relação matrimonial com o Cristo, passa pelo Trabalho. Parece-nos distante entender isto, mas o vinculo matrimonial, traz a cada um a responsabilidade de “trabalhar pela santificação do outro”. Do mesmo modo, refletir a Semana da família na perspectiva do Trabalho, é senão entender, de que modo, estamos envolvidos com a santificação do outro. “o trabalho é para cada ser humano um chamado a participar efetiva e afetivamente na obra de Deus”. Não queremos entender a família apenas no contexto do Trabalho, como algo braçal. Mas entender de que modo, cada família consegue promover um “vínculo” de valores, que são consequências daquelas sementes lançadas ao chão e que descobriram sua finalidade e sua razão de ser, quando morreram para si e tornaram-se vida para o outro.
        A semana da família também quer refletir sobre a influência do Trabalho no desenvolvimento desta conjugalidade e desta familiaridade. Até que ponto eles interferem na essência da família. Sabemos que eles são indispensáveis, no entanto, não devem fazer com a “convivência familiar” seja posta em risco.

        Por fim, a semana da Família, é celebrada da perspectiva da Festa. A melhor festa que participamos e pela qual nutrimos nossa relação matrimonial com o Cristo, chama-se Eucaristia. Quem não se lembra do refrão do congresso eucarístico de Campinas: “Venham, Venham todos, para a Ceia do Senhor, casa iluminada, mesa preparada com paz e amor”. Mas uma vez retomamos ao ponto central de nossa reflexão, a Semana da Família, deve ajudar as famílias a descobrir a alegria do Cristo em suas vidas. A Festa que se pode fazer na medida em que se mantém uma relação séria e próxima daquele que é expressão do amor de Deus por nós. E a festa cristã tem um dia certo: o domingo. O Dia que o Senhor fez para nós, como diz o Salmo do domingo da Páscoa.  Sentir o desejo da eucaristia. Buscar as celebrações como uma “antecipação do Céu”, como nos afirma o Concílio Vaticano II.

        Aqui a tarefa da semana da Família, é ajudar cada ambiente a familiar a entender que a Festa Eucarística preparada dominicalmente não consistira apenas num ato de comungar, mas num ato de continuidade, isto é, a festa da salvação ganha seu sentido quando há em cada membro da família o esforço de fazer do seu trabalho e do lar, um lugar onde a eucaristia é celebração, é festa, é realidade próxima, não apenas ato litúrgico, mas ato vivencial e do coração.
       
        Peçamos a interseção de Santa Gianna Beretta Molla, que escolheu pela vida da criança, nos auxilie também a optar pela vida em Jesus Cristo.
        Em nome de nosso Bispo e de nossa Diocese, uma Semana da Família frutuosa, repleta deste “lugar da família” na sua relação com Jesus Cristo. Trabalhemos conduzidos pelo Espírito Santo, para que a Festa da santificação familiar seja uma realidade em cada paróquia.

        Que Santo Lourenço e Santa Gianna Beretta Molla, roguem a Deus por nós.

Padre Kleber Rodrigues da Silva
Secretário de Pastoral – Diocese de Taubaté.