06/03/2013

Em busca de uma Espiritualidade


Movimento das Equipes de Nossa Senhora


Livro-Tema 2013: O caminho da vida espiritual em casal

Tema 1: Em busca de uma Espiritualidade

Pe. Kleber Rodrigues da Silva

            Um dos pontos fundamentais do nascimento do Movimento das Equipes de Nossa Senhora está quando casais sentem a necessidade de amadurecer sua espiritualidade e com isso recorrem ao Padre Caffarel apresentando-lhe o desejo e obtém a seguinte resposta: “Façamos o caminho juntos.”
            A dinâmica do livro-tema de 2013 parece-me reforçar bem este aspecto de que os casais estejam atentos a necessidade de “se fazer o caminho juntos”, seja através da própria conjugalidade ou no relacionamento estabelecido na equipe de base. A meta não é buscar uma espiritualidade individualista, mas de comunhão e consequentemente de entreajuda.
            Partimos sempre de um lugar, de uma realidade, de uma situação, de uma condição. Com o Movimento não é diferente, pois cada casal e cada equipe de base deve se perguntar a que parte do caminho se encontra e onde quer chegar. Não podemos partir e nem querer chegar a qualquer lugar. É preciso ter claro o destino, por isso, a temática assumida pelo livro-tema deixa claro que o ponto de partida e chegar é o amadurecimento da espiritualidade como lugar onde o casal nutre sua experiência esponsal, comunitária, doutrinal, profissional e assim se vai.
            Outro ponto fundamental que o primeiro capítulo nos aponta é saber também que espiritualidade buscamos. Não nos faltam opções de espiritualidades na Igreja, aliás, uma das riquezas de nossa eclesialidade está nesta diversidade. Se de um lado, isto é magnifico, como fruto do Espírito Santo, este mesmo Espírito ajuda-nos a optar e discernir por qual espiritualidade nos identificamos. Poderíamos aqui recordar, quantos casais que buscaram a espiritualidade e a dinamicidade do Movimento e no entanto não se adequaram. Do mesmo modo, quem se envolve com as Equipes de Nossa Senhora deve amadurecer a clareza de sua opção, que está em desenvolver uma espiritualidade conjugal.
            Descoberto de que participar e envolver-se com o Movimento das Equipes de Nossa Senhora é ter ciência de que se procura desenvolver uma espiritualidade, cada casal, bem como cada equipe deve buscar tomar consciência de uma outra realidade, de que a espiritualidade conjugal é senão uma extensão, ou ainda mais, um desdobramento daquilo que é o central da vida da Igreja: Jesus Cristo. Devemos ter claro de que o ponto de partida está na assimilação de uma espiritualidade cristã (que parte de Cristo) e que se desenvolve e é absolvida nas suas ramificações ou poderíamos chamar aqui, no modo como as diversas realidades assimilam e procuram viver dentro do seu específico. Entenda, a espiritualidade conjugal assumida como dinâmica do Movimento das Equipes de Nossa Senhora é fruto desta espiritualidade que vem de Jesus Cristo.
            O ponto de partida é: em busca de uma espiritualidade. Qual? A cristã ou a conjugal? Não seriam as duas complementares? Que sinais o casal percebe dentro da conjugalidade como decorrência da espiritualidade cristã?
            É importante perceber que não se quer apontar a necessidade de duas espiritualidades, isto é, cristã ou conjugal, mas entendermos que de que são realidades que se entrelaçam. Não posso dizer que vivo uma espiritualidade conjugal sem ter como princípios os valores cristãos.
            Aqui podemos até ampliar o leque de questionamentos e pensar no real motivo que leva cada casal a nutrir sua permanência no Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Não esqueçamos que na gênesis daqueles casais que foram atrás do Padre Caffarel está um desejo: crescer espiritualmente, no conhecimento, no relacionamento e na aliança com Jesus Cristo.
            Um outro ponto fundamental na busca concreta de espiritualidade é de que ela não nos tornará em pessoas que vivem alienadas, como “extraterrestres” ou protegidas por uma redoma de vidros. A espiritualidade ajuda o casal a enxergar sua humanidade com os olhos da Fé e isso se acrescenta quando entendem que os pontos concretos de esforço são os meios pelos quais esta espiritualidade abre os olhos, não de super-heróis, mas de casais e equipes humanas, limitadas, mas com um único desejo, que parte da resposta do Padre Caffarel: “façamos o caminho juntos”.
            Cada casal e cada equipe deve entender que desenvolver uma espiritualidade é sentir-se provocado diariamente a lidar com os dons e as arestas da conjugalidade. Entrelaçar a espiritualidade cristã e conjugal é sentir-se a cada momento chamado pelo próprio Jesus Cristo a dar passos de transformação. Uma espiritualidade, seja ela qual for, quando assumida com veracidade, nunca nos deixará estagnados, mas sempre nos colocará a caminho.
            A espiritualidade da qual o casal e a equipe devem buscar, fará de todos novas criaturas, dará a capacidade de olhar para o interior não como um abismo, mas como um lugar de transformação, trará o olhar do amor e do perdão sobre a humanidade da conjugalidade, por isso, concluo com umas palavras de um grande pensador Roy Croft: “Amo-te não apenas pelo que tu és, mas por tudo aquilo que sou quando estou ao teu lado. Amo-te não apenas por aquilo que tens feito por ti mesmo, mas pelo que estás fazendo comigo. Por ignorar todas as coisas tolas e fracas que encontraste, mas nada podias fazer a respeito, e por trazeres à luz todas as belezas que possuo e que ninguém havia olhado o tempo suficiente para encontra-las.”


03/03/2013

Oração da Comunidade: como melhor organizá-la?


Oração da Comunidade: como melhor organizá-la?

Por  Pe. Kleber Rodrigues da Silva


            Guiados pelo Espírito Santo, queremos compreender a liturgia de nossa Igreja para melhor celebrá-la
            Neste artigo queremos refletir sobre a oração da comunidade: seus nomes, sua estrutura, sua finalidade e dar também algumas dicas para melhor organizá-las.
            O nome mais comum que denominamos este momento da nossa liturgia é, de Oração da Comunidade, que também pode ser chamada de Preces, Oração dos Fiéis.
            A sua finalidade é: o povo responde de certo modo à Palavra de Deus acolhida na fé, e exercendo sua função sacerdotal, eleva preces a Deus pela salvação de todos.
            Pelas preces temos condições de participar ativa, consciente e frutuosamente da celebração, pois recordamos um fundamento litúrgico que diz: em toda ação litúrgica ocorre a santificação do ser humano e a glorificação de Deus (cf. SC 7), ou seja, ao elevarmos nossas preces aos céus, desejamos alcançar uma purificação do coração (santificação) e também bendizemos (glorificação) a Deus.
A partir da Instrução Geral do Missal Romano, devemos rezar: Pelas necessidades da Igreja; Pelos poderes públicos e pela salvação de todo o mundo; Pelos que sofrem qualquer dificuldade e pela comunidade local. Esta é a seqüência de preces que devemos preparar em nossas celebrações, dando espaço também, para as preces espontâneas.
Não podemos deixar de considerar que as preces são um resultado daquilo que ouvimos através das leituras proclamadas, daquilo que atualizamos (evangelho + homilia) e professamos (creio). É preciso estar em sintonia com a mensagem expressa pelos textos bíblicos, ou seja, as preces serão um fruto desta caminhada que fizemos a partir das leituras, passando pela homilia e pela recitação do creio.
Seguindo ainda a Instrução Geral sobre o Missal Romano, ele determina que o primeiro lugar para proclamarmos as preces, deve ser o Ambão.  A partir disso, refletimos que as preces, como conteúdo da Liturgia da Palavra, encontram realmente no ambão um lugar apropriado para ser proclamada.
É importante a atitude espiritual de quem proclama, evitando duas expressões que se tornam na verdade, ruídos litúrgicos: o todos, e a nossa resposta será. É importante evitarmos estas expressões.
Para darmos um sentido festivo, em grandes celebrações, as respostas podem ser cantadas e em outras ocasiões ainda, as preces podem ser substituídas pelas Ladainhas.
Esperamos que estes apontamentos auxilie a caminhada litúrgica de sua comunidade ou paróquia.
Até a próxima.

01/03/2013

Mistério Pascal: da Quaresma a Páscoa


LITURGIA: CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO PASCAL

 Padre Kleber Rodrigues da Silva

            Ao longo de nossa caminhada de cristãos, de seres humanos, criados a imagem e semelhança de Deus passamos por momentos felizes, tristes, traçamos projetos, conquistamos objetivos, perdoamos e pedimos perdão, enfim, diversos momentos nos permeiam. Isto também ocorreu na história do Cristianismo, com o Povo de Israel, com Jesus, com os Discípulos, com Maria, com as Primeiras Comunidades Apostólicas, no entanto, poderíamos nos perguntar: onde as pessoas que passam por estes momentos buscam forças para superar ou para melhor vivenciar os diversos momentos da vida?
            Penso que a resposta podemos encontrar naquilo que é a base de nossa fé, ou seja, a experiência do Mistério Pascal, o Cristo que sofre, morre, vence as amarras e ressuscita trazendo a todos Vida Nova. A Kênosis e a Koinonia de Cristo tornam-se mais uma vez sinal da presença e da ação de Deus na humanidade.
A nossa fé se fortalece a partir desta experiência, basta olharmos o túmulo, está vazio, o Cristo vive, está presente em nosso meio. Ao realizar sua entrega-doação, o Ressuscitado mostra-nos que é possível, incorporados a Ele, não só vencer os desafios que a vida nos oferece, mas também louvar e bendizer ao Criador pelas maravilhas operadas em nossa caminhada de Povo de Deus.
Poderíamos nos perguntar: Neste século 21 qual o viés que nos possibilita fazer a experiência do Mistério Pascal?
Devemos considerar primeiro que  o Mistério Pascal de Cristo não deve ser visto como algo mágico, rápido, fácil.
Dado este passo de compreensão, podemos afirmar que fazemos esta experiência pela Liturgia. Ela tem a função de atualizar, recordar,  o Mistério de Cristo na vivência cotidiana. Liturgia é celebrar e viver este grande feito de Cristo.
Pela liturgia expressamos a experiência da morte e da Ressurreição com Cristo. “É ele o verdadeiro Cordeiro, que tirou o pecado do mundo, morrendo, destruiu a morte e, ressurgindo, deu-nos a vida” (cf. Prefácio da Páscoa I).
Inseridos na Mística do Mistério Pascal pela Liturgia somos convocados pelo Cristo Ressuscitado a um maior compromisso social, político, de promoção humana. Viver o Mistério Pascal hoje é lutar pelos direitos, por moradia, por dignidade do ser humano. Quando assumimos conscientemente este propósito, celebramos esta Kênosis de Cristo.
Celebrar o Mistério Pascal pela Liturgia é ainda buscar a comunhão e a participação, ou seja, enquanto Igreja, Povo de Deus, nos despojemos da superficialidade e busquemos sempre mais a autenticidade da fé, mergulhando assim, no verdadeiro louvor prestado ao Pai, por Cristo, na comunhão do Espírito Santo.