27/07/2012

Homilia na Celebração dos 10 anos de Ordenação do Diácono Permanente Paulo Dias



O DIACONATO PERMANENTE COMO EXPRESSÃO DO MINISTÉRIO DE CRISTO

Homilia na Celebração dos 10 anos de Ordenação do Diácono Permanente Paulo Dias

O grande referencial do sacramento da Ordem é Cristo. Nele esta a plenitude do episcopado, do presbiterado e do Diaconato. Conduzido pelo Espírito Santo, Cristo, comunica aos seus este mesmo “espírito de servo”, fazendo-se Servo no meio da humanidade.

A origem do diaconato tem sua grande expressão em Atos 6, quando narra a escolha de “homens dignos, cheios do Espírito Santo e sabedoria” convidados ao serviço da caridade, da palavra e da liturgia. Neste tríplice múnus será sinal do Cristo-Servo e encontrará assim a sua natureza na medida em que consegue ser sinal sacramental e mostrando a própria Igreja, que Ela, como sinal sensível de salvação,tem também sua identidade servidora. Unido a Cristo-Servo está unido a Igreja-Servidora.

Nesta unidade, o diácono constrói sua identidade, pois ali revela o “Ser de Cristo”. Se identificando com o Cristo, o Cristo vive Nele, assim nos diz a oração consecratória: “permanece firme e estável em Cristo”. Na medida em que vive esta aproximação, o diácono não é reconhecido simplesmente por aquilo que faz, mas por aquilo que ele é: servo do servo Jesus Cristo. Deste modo, a estola que trás de um modo transversal em seu peito, o lembra diariamente que ali está a “toalha que lavou os pés dos discípulos na última ceia” e com isso, como presença servidora, lembra diariamente a Igreja de que ela não encontra outro sentido em ser também servidora. Com isso, nossa Paróquia São José Operário, tem a oportunidade de ter um diácono, que permanentemente no exercício de sua missão torna-se o sinal, a luz que ilumina nossa consciência para dizer, como nosso padroeiro: sejam antes de tudo servos.

E o diaconato permanente expressa também a união do sacramento da ordem com o matrimônio. A conjugalidade nutrida diariamente torna-se o testemunho visível da conjugalidade que existe entre o Cristo e a Igreja. Basta recordar que uma das primeiras perguntas que se faz ao candidato é: E a esposa esta de acordo? Assim, em nome da Igreja, da Paróquia, quero dizer a esposa e a família, o nosso obrigado por partilhar conosco a vida do Paulo Dias.

O Ministério Diaconal se dá pelo exercício da caridade, da palavra e da liturgia. Enquanto ministro da caridade, o diácono, no dia a dia desenvolve a presença viva de Deus. Na amplitude da ação evangelizadora, o diácono, consagrado para a caridade, expressa nas atitudes o grande sentimento de Cristo pela humanidade: olhou e teve compaixão por eles. São Policarpo diz: Misericordiosos e diligentes procedam em harmonia com a verdade do Senhor, que se fez servidor de todos.

No ministério da Palavra, antes de tudo o diácono torna-se um discípulo e um ouvinte da Palavra. Neste sentido encontrará o verdadeiro testemunho: experimenta, degusta, nutre-se da palavra e não simplesmente a anuncia nas celebrações.

No exercício da liturgia ele expressa o sentido do Cristo oferta e ofertante, quando prepara o pão e o vinho no altar, para que realizemos a ação memorial. Na liturgia perceberemos a junção dos dois elementos anteriores: a caridade e a palavra. Liturgia é serviço em favor do outro. E o outro é senão a Igreja.

Caro diácono Paulo Dias, o que quero dizer é que o Senhor possa continuar sendo servidor do Cristo hoje e sempre. Parabéns por poder hoje participar deste seu ministério. Nossa Paróquia é grata a Deus, por nos conceder um sinal de santificação, de caridade e anuncio da Salvação. Deus o abençoe, hoje e sempre.

Padre Kleber Rodrigues da Silva - Pároco

09/07/2012

Homilia do Retiro dos MESCE 09 de Julho de 2012


A EUCARISTIA:
UM MISTÉRIO PARTICIPADO, ACREDITADO E VIVIDO

 
Caros Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística: hoje nossas paróquias se encontram neste retiro, para que vocês possam nutrir a caminhada diária do ministério, com o encontro, com aquele aos quais encontramos diariamente: Jesus.
A Eucaristia algo tão comum.  Diariamente, semanalmente, dominicalmente, anualmente, celebramos este sacramento. A Igreja nos diz, através do Catecismo, que ele é o SACRAMENTO DOS SACRAMENTOS.     E por isso, a riqueza deste, se expressa de diversas formas. Seja no modo de cada padre de presidir, no modo de cada assembleia litúrgica presente, de cada região, de cada bairro, seja no modo de ser transmitido, acreditado, vivido e assumido. Por isto, se não nos atermos corrermos o risco de no comum da eucaristia, perder o sentido maior.

A importância do nome Eucaristia.

Eucaristia tem sua origem grega, que vai significar, AÇÃO DE GRAÇAS.  A profundidade desta palavra é expressa no simples modo de dizer que vamos a missa, que vamos assistir a missa, mas não temos o costume ou o hábito de dizer que vamos a Eucaristia, ou ainda, como algumas denominações religiosas utilizam, Santa Ceia. Não quero reduzir a expressão missa, mas alertar para o sentido de que, podemos estar distante, quando dizemos simplesmente que quero assistir a missa. Por isso, entender a missa como eucaristia, é dar um passo na fé. A missa é um rito ou ação, por isso, uma ação de graças, que precisa ser envolvida. A missa nada mais é do que o termo evoluído.

1.      A EUCARISTIA MISTÉRIO PARTICIPADO:

Então o que significa: Ir a Eucaristia?
Significa ter o desejo de criar comunhão, de tornar-se um participante ativo, consciente, para poder colher os frutos do ato que celebramos. Participar do mistério exige de nós uma disciplina espiritual, ou seja, dispor o coração para o culto, buscar o melhor lugar, desligar os aparelhos sonos, para mergulhar no tempo da graça de Deus, sem se esquecer é claro de que quando chegamos, devemos primeiramente ir, onde está o dono do casa e saudá-lo, ou seja, a disciplina espiritual, começa por uma visita a capela do santíssimo.
A nossa participação na vida eucarística, nasce na noite da Instituição. A partir das Palavras do Cristo. Nesta noite, tão bela nascem para a Igreja dois sacerdócios, um complemento do outro. O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio instituído.
Num primeiro instante, pode-nos assustar a expressão de que enquanto povo de Deus, participante da missa, somos denominados SACERDOTES.
O sacerdócio comum dos fieis nasce de Jesus Cristo e se concretiza a partir do nosso batismo. A partir dele passamos a fazer parte de um povo eleito, escolhido e denominado por Deus. Fazemos parte de uma Igreja, de uma instituição, de uma Paróquia de uma comunidade.  Neste sacerdócio, recebemos a responsabilidade, a tarefa, a missão de continuar acreditando, participando, celebrando e vivendo o mistério que o Cristo hoje institui como expressão do amor.
Ser um povo sacerdotal é acreditar que vocês existem para oferecer com o Cristo, com o padre, o sacrifício e recordá-lo. Cristo é o único e eterno sacerdote, mas pela sua graça nos faz participantes. Pelo amor que sente por nós, se faz oferta e ofertante em nosso coração quando diz: deixo isto para que façam sempre em minha memória.
Nisto esta uma das graças do sacerdócio batismal: participar do sacerdócio de Jesus Cristo. E isto se dá a cada eucaristia que celebramos.
Aqui ainda compreendemos porque a Eucaristia é um mistério participado.

2.      A EUCARISTIA MISTÉRIO ACREDITADO:

Por isso, um segundo passo na compreensão da Eucaristia, se dá, como Mistério Acreditado.
Acreditar no que?
Acreditar que tudo que fazemos não é uma peça teatral. Nem mesmo o gesto do lava-pés! Tenho pena daqueles que dizem que a Eucaristia é a mesma coisa toda vez e por isso não participam dela. O rito pode ser o mesmo, mas o momento espiritual é atualizado.
Acreditar nas palavras de Jesus. Ai esta a grande novidade do culto cristão e a diferença do culto judaico. A crença nas palavras de Jesus na última ceia. É preciso dar veracidade as palavras de Jesus, onde ele diz, que aquele pão é o seu corpo e o vinho é o seu sangue.
Confesso que imagino Jesus, fazendo uma “confusão mental” na cabeça dos apóstolos naquela noite! É por isso, que continuamos dizendo após a narrativa da ceia: Eis o mistério da fé! Eis o mistério acreditado!
Por isso, para que o mistério seja participado ele precisa ser acreditado, assim a fé da Igreja é essencialmente eucarística. E saibam que quanto maior for a nossa fé na Eucaristia, mais será o nosso desejo de ser Igreja.
É preciso acreditar que Jesus não dá alguma coisa, mas dá a si mesmo.

3.      A EUCARISTIA MISTÉRIO A SER VIVIDO.
Assim, uma coisa vai puxando a outra. A eucaristia depois de ser um mistério participado, acreditado, é um mistério a ser vivido.
Jesus disse: “Quem come deste pão viverá eternamente! Permanece em mim e eu nele!”
A cada eucaristia que comungamos do Cristo, tornamo-nos participantes da vida eterna, mas com os pés no chão. Por isso, não podemos viver uma fábula eucarística. Pela eucaristia, tornamo-nos adultos na fé.
Santo Agostinho em seu livro, as Confissões, diz que a eucaristia não deve ser simplesmente um alimento para a carne, ela deve levar-nos a transformação, ou seja, não é um alimento que se transforma em nós, mas somos nós que acabamos misteriosamente mudados por ele.

Conclusão
Enfim, meus caros irmãos e irmãs! Tentei nestas minhas palavras trazer um pouco do que sinto e procuro experimentar da Eucaristia, daquilo que aprendi da Teologia, mas nenhuma palavra vai substituir a experiência que cada um de vocês podem fazer de Jesus Eucarístico.
Elas podem nesta noite, ser simplesmente palavras que entram e saem dos vossos ouvidos, por isso, eu peço ao Espírito Santo que a cada dia nos ajude a compreender a Eucaristia. Que minhas palavras sejam reconhecidas ao partir do pão, ao comungar do pão consagrado, mas não reconhecidas somente nesta retiro, mas em cada eucaristia em que participarem, acreditarem e estarão assim vivendo-a.
Que em cada eucaristia, tenhamos o mesmo sentimento dos discípulos de Emaús, que reconheceram Jesus ao partir do pão e voltaram alegremente para contar aos outros a experiência que tiveram de Jesus e no mesmo instante diziam: não nos ardia o coração quando ele nos falava pelo caminho. Que neste caminho que percorremos com estas palavras, o Jesus Eucarístico, tenha feito arder vossos corações, para que façam a cada dia dele, um sacrário. Um lugar de habitação.

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

07/07/2012

Refletindo sobre a Liturgia da Palavra deste 14º Domingo do Tempo Comum


Refletindo sobre a Liturgia da Palavra deste
14º Domingo do Tempo Comum

Padre Kleber Rodrigues da Silva
 
  Celebrar o tempo comum é perceber o itinerário e a caminhada profética realizada por Jesus que se faz presente em diversos ambientes e ali manifesta o amor divino pela condição humana.
          Neste percurso profético, quem o acompanha tem a possibilidade de conhecê-lo e consequentemente de aderir a sua causa, tomar parte na missão. Conhecer para saber de fato quem nós seguimos.
 Diante de processo, Jesus enfrente as situações de rejeição por parte do povo e das autoridades da época, é isso, o que podemos refletir com os textos bíblicos.
            Primeira Leitura de Ezequiel (Ez 2,2-5) demonstra uma necessidade humana: conhecer para evitar a rejeição. Estamos na época do exílio da babilônia (593-571 a.C.), trata-se de um período difícil para o povo e para o profeta e é neste ambiente que vemos as características de uma vocação profética: a) é enviado por Deus; b) Fala em nome de Deus; c) Enfrenta aqueles que não querem ouvir.
                Aqui se pergunta: quem são os destinatários desta mensagem? Certamente é a Elite Babilônica que gera toda a situação de sofrimento junto aos mais humildes. É importante observar que determinadas situações são postas como “vontade ou culpa de Deus”, quando na verdade são geradas pelo orgulho humano.
                A leitura demonstra toda dificuldade missionária vivida pelo profeta, mas também deixa claro o apoio divino, quando no inicio da leitura foi dito: Um espírito me colocou de pé. É nesta perspectiva que se vive a adesão a Jesus Cristo nos dias de hoje, como consequência do ateísmo vigente na sociedade, aqueles que aderem são perseguidos e caluniados. É preciso ter convicção da nossa adesão.
                Na segunda leitura da Carta de Paulo aos Coríntios (2Cor 12,7-10), Paulo demonstra de uma forma atualizada esse profetismo do antigo testamento sofrendo também as consequências de sua experiência em Jesus Cristo.
                O modo como Cristo se manifesta a Paulo pode ser considerada uma forma extraordinária, não só por ocasião de sua conversão, mas em diversas ocasiões. Assim, este “apóstolo de Jesus Cristo”,  não deixa que isto torne-se elementos de orgulho ou de superioridade, mas de aceitação de um “espinho na carne”. Paulo demonstra as consequências do ser discípulo de Jesus Cristo. Do mesmo modo que Cristo é rejeitado, ele também no exercício de sua missão deixa claro os frutos humanos das acusações.
            No evangelho (Mc 6,1-6), vemos Jesus sendo rejeitado em sua própria terra. Segundo o autor bíblico, é a ultima vez que Ele vai a Nazaré e consequentemente a sinagoga, mas é neste ambiente que manifesta nas pessoas uma “certa admiração por suas palavras”. Há algo a se destacar, esta admiração gera na maioria uma rejeição e não uma adesão. É um fato a ser aprofundado: analisando nossa busca pelo Cristo, até que ponto nossa admiração gera adesão?
            Estando na sinagoga vemos alguns elementos importantes em relação a admiração: estaria o povo cansado dos ensinamentos dos mestres e doutores da lei? O que atrai a atenção a Jesus? Seria o fato de seus ensinamentos estarem acompanhamentos de atitudes que libertam?
            A rejeição faz com que aqueles que estão na sinagoga tomem de atitudes de “desprezo” através dos questionamentos do tipo: sabemos quem é seu pai, sua mãe, de onde ele veio. Isto é, querem colocá-lo no mesmo nível e assim desqualificar sua autoridade.
            O pano de fundo desta rejeição parece-nos bem claro, estar no fato de que rejeitam acima de tudo, o Mistério da Encarnação. Jesus demonstra na encarnação o desejo de Deus em estar próximo do ser humano e envolver esta realidade com sua divindade, no entanto, o coração fechado torna impossível, que Deus realize algo.
            Pensemos no sentido de adesão-rejeição a Jesus Cristo em nossa vida e os desafios que temos hoje em testemunhá-lo, visto que a sociedade nos coloca diversos espinhos na carne, como forma de acusação, tentando desqualificar nosso compromisso com a verdade.

04/07/2012

Evangelho e Reflexão 04/07/2012


Evangelho - Mateus 8,28-34

Naquele tempo:
28Quando Jesus chegou à outra margem do lago,
na região dos gadarenos,
vieram ao seu encontro dois homens possuídos pelo demônio,
saindo dos túmulos.
Eram tão violentos,
que ninguém podia passar por aquele caminho.
29Eles então gritaram:
'O que tens a ver conosco, Filho de Deus?
Tu vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?'
30Ora, a certa distância deles,
estava pastando uma grande manada de porcos.
31Os demônios suplicavam-lhe:
'Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos.'
32Jesus disse: 'Ide.'
Os demônios saíram, e foram para os porcos.
E logo toda a manada atirou-se monte abaixo
para dentro do mar, afogando-se nas águas.
33Os homens que guardavam os porcos fugiram
e, indo até à cidade, contaram tudo,
inclusive o caso dos possuídos pelo demônio.
34Então a cidade toda saiu ao encontro de Jesus.
Quando o viram,
pediram-lhe que se retirasse da região deles.

Reflexão:
Já diz o provérbio popular de que “todas as nossas opções tem suas consequências”, e é basicamente isso que o texto do evangelho nos ajuda a compreender, através da atitude (opção) que o povo daquela cidade manifesta em pedir a Jesus que se retirasse da região deles, ou seja, preferem ficar com os “porcos” do que ajudar o outro a reencontrar a sua dignidade.
Quais tem sido nossas opções? Pensemos um pouco nisso...